Em solenidade que contou com o Prefeito Municipal, Tarcísio Chiavegato , Secretários Municipais e Vereadores foi entregue a chave da Fazenda Serrinha (Florianópolis) para o Município. A doação feita pela Empresa Estrutural aconteceu na quarta-feira (12).
MEMÓRIA
‘Berço’ de Jaguariúna volta para o Município
Um dos planos que será discutido a partir de agora, entre Prefeitura, vereadores e sociedade, é poder transformar o local em um centro cultural para visitação escolar e turística
12/08/2015 – 21h07 – Atualizado em 13/08/2015 – 09h52 | Gustavo Abdel
gustavo.abdel@rac.com.br
Um importante patrimônio que retrata o início da história de Jaguariúna voltou para as mãos do Município. Em cerimônia realizada na tarde de quarta-feira, o prefeito Tarcísio Chiavegato (PTB) recebeu das mãos da diretoria da construtora Estrutural as chaves das casas-sede da Fazenda Florianópolis, berço histórico de onde Coronel Amâncio Bueno, há mais de 100 anos, planejou e fundou a então Vila Bueno. A doação de uma área de 17 mil metros quadrados — onde estão as construções datadas de 1870 — foi exigência da Prefeitura, como uma das contrapartidas para a liberação de um empreendimento imobiliário que será implantado no local.
Um dos planos que será discutido a partir de agora, entre Prefeitura, vereadores e sociedade, é poder transformar o local em um centro cultural para visitação escolar e turística. O nome atualmente utilizado é Fazenda da Serrinha, mas como agora o patrimônio é do Município, o prefeito informou que serão mantidos os registros históricos que denominavam o local, de dez alqueires (aproximadamente 240 mil metros quadrados), de Florianópolis. Inserida próxima da região central, a sede imponente pode ser observada no alto de uma pequena serra, nas margens da Rodovia João Beira (SP-095), para quem segue no sentido Pedreira.
“Essa fazenda é um marco da nossa cidade. Nossa ideia era que se vencêssemos as eleições em 2008, a primeira coisa seria a desapropriação por meio de um decreto de utilidade pública. Porém, não ganhamos, e a Estrutural comprou a área. Mas essa foi a oportunidade de termos nossa memória resgatada pela casa-sede. E a condição imposta para a construção do empreendimento feita pela Prefeitura foi a doação para o Município desse pedaço da fazenda”, disse o prefeito, confidenciando que quando criança, por volta dos 7 anos de idade, passava todas as manhãs na fazenda com colegas para beber leite.
Segundo Tarcísio, o município possui pelo menos outras sete fazendas históricas com a possibilidade de se tornarem propriedade pública, principalmente as sedes. É o caso da Fazenda Santa Úrsula, famosa na cidade por ter abrigado o maestro Carlos Gomes e também Dom Pedro II. “Outro exemplo é a Fazenda da Barra, com 320 mil metros quadrados, adquirida pela nossa administração”, frisou.
O diretor da Estrutural, Ednilson Artioli, explicou que o empreendimento utilizará toda a área da fazenda para a implantação de um condomínio fechado. “Serão 500 lotes de 350 metros quadrados cada terreno. Acreditamos que em um ano e meio começamos a venda dos lotes”, explicou Artioli. Ele deu a garantia de que áreas de proteção ambiental serão rigorosamente preservadas, já que em todo o território existem lagos, nascentes e uma vegetação até então inexplorada.
Para o diretor do patrimônio histórico de Jaguariúna, Tomás Aquino Pires, a doação representa muito, já que o local é considerado símbolo do nascimento da cidade. Era na casa-sede, com 25 cômodos muito bem preservados ao longo de tantos anos, que aconteciam os eventos quando o fundador do município, Coronel Amâncio Bueno, resolveu fazer de suas terras um empreendimento imobiliário — em uma situação muito parecida com o que ocorre hoje em dia. “Ele (Coronel Amâncio) chamou um engenheiro ferroviário alemão e pediu para que desenhasse nas terras 39 quadras e 15 ruas, e que no marco zero fosse erguida a igreja Santa Maria do Jaguari. Essa sede viveu esse período pré-fundação da Vila Bueno, que posteriormente se tornou Terras de Jaguari, depois Distrito de Paz de Jaguari (pertencente a Mogi Mirim) e então Jaguariúna.”
A casa foi construída pelo pai de Amâncio, Capitão Candido José Leite Bueno da Silveira, casado com Dona Umbelina de Moraes Bueno. Ela abrigou a primeira reunião para tratar sobre a emancipação política de Jaguariúna, por volta de 1952.